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domingo, 19 de junho de 2016
Análise de Filmes - Temática Desigualdade e Diferença
ANÁLISE DE FILMES
- Ônibus 174
Sinopse: O
documentário explora a história de Sandro do Nascimento, 21 anos, foragido da
justiça e condenado há 3 anos e meio de prisão por assalto à mão armada. Em
2000, ele sequestra o ônibus da linha 174 no Rio de Janeiro e mantém a
professora Geísa Gonçalves como refém por 4 horas. Quando tudo caminhava para
uma possível conciliação, um policial atira na direção dos dois. Geísa faleceu
com 3 tiros e Sandro, segundo a polícia, morreu a caminho do hospital.
Comentário:
A partir da triste historia de
Sandro, evidenciamos no filme, que a falta de
políticas públicas capazes de atingir esse grande contingente de excluídos,
impede uma abertura no sistema, um espaço para discorrer sobre as desigualdades
sociais, as ideologias, a discriminação. A este contingente destituído de
capital social-educação, emprego, ou seja, a riqueza adquirida através das
relações sociais e do sentimento de pertencimento ao contexto em que estão
inseridos- não resta senão procurar meios para se fazerem vistos, ainda que
contrariando a ordem social.
- Besouro - O filme (Brasil, 2009)
Sinopse: Bahia, década de 20. No
interior os negros continuavam sendo tratados como escravos, apesar da abolição
da escravatura ter ocorrido décadas antes. Entre eles está Manoel (Aílton
Carmo), que quando criança foi apresentado à capoeira pelo Mestre Alípio
(Macalé). O tutor tentou ensiná-lo não apenas os golpes da capoeira, mas também
as virtudes da concentração e da justiça. A escolha pelo nome Besouro foi
devido à identificação que Manuel teve com o inseto, que segundo suas
características não deveriam voar. Ao crescer Besouro recebe a função de
defender seu povo, combatendo a opressão e o preconceito existentes.
Comentário:
Neste filme vemos o que acontece quando não aceitamos as praticas culturais de
um determinado grupo, quando há oposição e mais do que isso, quando oprimimos o
modo de ser no mundo de outras pessoas cometem-se atitudes etnocêntricas
perante a cultura do outro, obrigando-os a viver aos modos do opressor. O filme
apresenta Besouro um jovem capoeirista que resiste as formas de marginalização
da cultura negra.
- Sabotage: O Maestro do Canão
Sinopse: Documentário conta a história de Mauro Mateus dos Santos, que ficou
conhecido no Brasil pelo apelido Sabotage. O filme reúne depoimentos de familiares, músicos e amigos para revelar a vida e sua contribuição para a história do
rap. Com cenas de arquivo, o artista fala, de forma aberta e espontânea sobre a infância, a desigualdade, o descaso, a solidariedade, o passado e o futuro.
Comentário:
O
documentário mostra a realidade da favela. Como crescem as crianças em
condições desfavoráveis e diferenças gritantes em relação a outra parcela da
sociedade. É um filme muito pertinente quando se fala em desigualdade e
diferenças.
- Você Acredita?
Sinopse:
Doze almas
tomaram caminhos diferentes. Entre elas estão a de um pastor que está reexaminando sua fé, de
um veterano de guerra que sofre de transtorno de estresse pós-traumático, e de umroqueiro que está lutando contra suas
crenças.
Comentário:
Um filme para os
tempos atuais em que estamos vivendo, onde as pessoas confiam apenas em si
mesmas! Confiam que coincidências aconteceram e não um plano superior. Este belíssimo filme
nos leva a refletir nossa conduta como seres humanos.
- A Negação do Brasil
Sinopse:
Documentário
discute o papel do negro das novelas. Muitos papéis apresentam personagens
estereotipados ou discriminados e vários atores dão depoimentos sobre o tema,
levantando a questão da melhora da imagem do negro nas atrações.
Comentário: Documentário
muito interessante sobre o tema de desigualdade. Ao retratar o negro como subalterno, a telenovela traz, para
o mundo da ficção, um aspecto da situação social da população negra, mas também
revela um universo simbólico que não inovou as relações inter-étnicas na
sociedade.
A telenovela hoje tem a pretensão de representar a “moderna
sociedade brasileira”, abordando temáticas sociais, mas não parece incluir uma moderna
veiculação das relações entre brancos e negros ou da verdadeira situação
social, nem muito menos um questionamento mais corajoso desta questão.
- Um Homem que Grita
Sinopse:
República
do Chade nos dias de hoje. Adam, sessenta e poucos anos, é um ex-campeão de
natação e trabalha na piscina de um hotel de luxo na cidade de N´Djamena.
Quando investidores chineses compram o hotel, ele é forçado a se demitir para
que seu filho Abde assuma a função e se sente humilhado.
O país está à beira de uma guerra civil. Forças rebeldes atacam o governo, que pede para a população contribuir com o "esforço de guerra" enviando dinheiro ou um voluntário com idade para combater. Constantemente, o governo local cobra de Adam sua parte na contribuição. Mas ele não tem dinheiro, apenas um filho.
O país está à beira de uma guerra civil. Forças rebeldes atacam o governo, que pede para a população contribuir com o "esforço de guerra" enviando dinheiro ou um voluntário com idade para combater. Constantemente, o governo local cobra de Adam sua parte na contribuição. Mas ele não tem dinheiro, apenas um filho.
Comentário:
O filme é silencioso, duro, lento como o sofrimento,
sem panos quentes. Deve ser visto. O filme retrata a guerra civil no Chade. No país africano paupérrimo, populoso e, claro, o
mais corrupto do mundo, os rebeldes se instalaram há 30 anos e, desde então, as
novas rebeliões se sucedem. É
um mundo diferente, mas o drama, as injustiças, as desigualdades, o medo, a
busca, as dúvidas, as traições, são comuns e presentes onde houver ser humano.
- Terra Vermelha (Brasil, 2008)
Sinopse:
Mato Grosso do Sul, Brasil, 2008. O suicídio de duas meninas Guarani-Kaiowá
desperta a comunidade para a necessidade de resgatar suas próprias origens,
perdidas pela interferência do homem branco. Um dos motivos do desaparecimento
gradual da cultura reside no conflito gerado pela disputa de terras entre a
comunidade indígena e os fazendeiros da região. Para os Kaiowás, essas terras
representam um verdadeiro patrimônio espiritual e a separação que sofreram
desse espaço é a causa dos males que os rodeia. Uma disputa metafórica é
criada. A compreensão e o diálogo buscam espaço nesse antigo conflito. Enquanto
isso, o jovem Osvaldo, que vive um terrível embate contra o desejo de morrer,
vai furtivamente buscar água no rio que corta a fazenda e conhece a filha do
fazendeiro. Um encontro em que a força do desejo transpassa e ao mesmo tempo
acentua o desentendimento entre as civilizações.
Comentário: O
filme Terra Vermelha foi inspirado nos conflitos de terra entre os índios
Guarani-Kaiowá e os grandes fazendeiros do Mato Grosso do Sul, a aldeia
reivindica as terras que lhes são de direitos, este filme pode ser apresentado
aos alunos para a compreensão das grandes lutas ocasionadas por diferenças, que
são travadas por grupos étnicos quando seus direito humanos são feridos.
- Quanto Vale ou É Por Quilo?
Sinopse:
O
comércio de escravos no passado é o ponto de partida para traçar um paralelo
com os dias de hoje. Uma organização não governamental explora a miséria
para superfaturar uma compra de computadores.
Comentário:
O
filme mostra a realidade brasileira que infelizmente é uma sociedade desigual e
cheia de contradições, no entanto, não podemos cruzar os braços e nos acostumar
com essa situação de dominados, temos que agirmos e cada um fazer sua parte
para que realmente haja mudanças.
- Jornada Pela Liberdade
Sinopse:
Nos anos 1700,
William Wilberforce (Ioan Gruffudd) entra na política para defender seus ideais.
Juntamente com seu amigo, o primeiro-ministro William
Pitt (Benedict
Cumberbatch), ele lidera o
movimento para pôr fim à escravidão no Reino Unido. No entanto, a
ideia sofre resistência por parte de outros políticos.
Comentário: Baseada em fatos reais, o filme nos mostra a importância
da política, pela luta de direitos, contra as injustiças desde mundo.
Realmente
mostra a visão do cristão na política mudando uma sociedade pelo amor e ousadia
vinda do evangelho integral de Cristo.
Autoras: Patrícia
Aparecida de Almeida e Natacha Andrade Barboza - PUC CAMPINAS
Texto para auxílio do Professor - Temática Desigualdade e Diferença
DA DESIGUALDADE DE
CLASSE À DESIGUALDADE DE CONHECIMENTO
* Nico Stehr RBCS
Vol. 15 no 42 fevereiro/2000
Introdução Meu artigo
visa analisar uma transformação radical que se vem efetuando nos sistemas de
desigualdade em curso nas sociedades avançadas: a emergência do conhecimento
como princípio de estratificação. Para introduzir o tema, gostaria de fazer três
observações. Primeiro, não há nada na história dos países industrializados da
Europa Ocidental e da América do Norte que se assemelhe à experiência que
viveram entre 1950 e 1985. No final desse período, a perpétua ameaça de sérias
dificuldades econômicas que anteriormente pairava sobre as vidas de três
quartos da população assombrava apenas um quinto das pessoas. Embora a pobreza
absoluta persistisse até nos países mais ricos, o padrão de vida material da
maioria da população havia melhorado de modo ininterrupto e, muitas vezes, com
extrema rapidez durante esses 30 anos. Contudo, nenhuma dessas importantes
melhorias refletiu-se nas concepções prevalecentes sobre a desigualdade social.
Segundo, o aumento geral da riqueza privada faz com que a riqueza pública se
torne cada vez menos possível ou, talvez, tenda inevitavelmente a reduzir-se
(cf. Dahrendorf, 1983, p. 28). Terceiro, minha discussão não trata da
emergência de uma elite cognitiva destinada a governar a sociedade avançada. Os
populistas, pelo menos nos Estados Unidos, costumavam odiar os ricos; agora
odeiam as elites. Em outras palavras, não trato do que políticos americanos
como Bob Dole, Jack Kemp ou Dan Quayle chamam de elite cultural, os que “pensam
que sabem mais do que o povo” (Kemp), ou do grupo de elite que está tomando
conta da Casa Branca, como propaga Bob Dole. Passando agora ao campo das
ciências sociais, meu artigo também não é uma releitura do debate de fins dos
anos 50 sobre The rise of meritocracy (Michael Young) ou The new class (Milovan
Djilas). Pulando uma ou duas décadas, tampouco trato da “nova classe do saber”
ou da “nova aristocracia dos cérebros”, como qualificou Christopher Lasch em
seu último livro, The revolt of * Trabalho apresentado no XIV Congresso Mundial
de Sociologia, Montreal, Canadá, julho de 1998. Agradeço os valiosos
comentários de Hermann Strasser e o financiamento que me foi concedido pelo
Social Sciences and Humanities Research Council, Ottawa, Canadá. Tradução de
Vera Pereira. Dossiê desigualdade 102 REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS SOCIAIS -
VOL. 15 No 42 the elites. E, por fim, não faço uma discussão da elite cognitiva
analisada por Richard J. Herrstein e Charles Murray em The Bell curve. Embora
haja algo de verdade na afirmação de que os Estados Unidos são governados por
um grupo de liberais, sofisticados e inteligentes, o fato de a educação formal
ser a chave para o sucesso e o poder é bastante recente. No entanto, minhas
observações não se limitam às mudanças ocorridas no topo da hierarquia da
desigualdade social. Ao contrário, quero evitar o enfoque exclusivo e
insistente nas dimensões que supostamente conferem influência, autoridade e
poder ao pequeno grupo de indivíduos situados no ápice da hierarquia social.
Desigualdade social e conhecimento Justamente porque a parte essencial da
educação — a despeito de ser facilmente acessível, ou por causa disso mesmo —
só pode ser, em última análise, adquirida pela atividade individual é que ela
dá origem à mais tangível e, portanto, mais inatingível aristocracia, a uma distinção
entre alto e baixo que não pode ser abolida nem por um decreto, nem por uma
revolução (como podem ser eliminadas as diferenças socioeconômicas), nem pela
boa disposição dos interessados. (Simmel, [1907] 1978, pp. 439-440) Cerca de um
século atrás, em seu livro The philosophy of money, Georg Simmel fazia essas
reflexões acerca da mais injusta forma de desigualdade social existente na
sociedade moderna. Embora continue sendo em geral invisível, pelo menos ao
olhar profissional,1 sua importância pode ter se multiplicado desde a virada do
século e, por conseguinte, a maior parte das teorias sobre a desigualdade
social carece hoje de uma correspondência com as condições sociais às quais
pretendem ser aplicáveis.2 A questão não é, a meu ver, de mera compactação, ou
mesmo de uma concentração persistente de formas de desigualdade, mas de um
crescimento permanente do nível geral de afluência e riqueza na sociedade
moderna.3 A emancipação de amplos segmentos da população de uma condição de
vulnerabilidade e subordinação econômica — que não se realiza na mesma extensão
e em velocidade semelhante em todos os países industrializados — proporciona as
bases materiais para novas formas de desigualdade.4 Este ensaio tem, portanto,
três objetivos. Em primeiro lugar, desejo mostrar, resumidamente, que a maior
parte de nossas teorias e de nossas pesquisas sobre estratificação e mobilidade
social está intimamente associada a uma forma particular de sociedade — a
sociedade industrial. A escolha de espaços ou “variáveis focais” (como as
denomina Amartya Sen, 1992) da teoria da desigualdade é, como tantas coisas
mais, herdeira de seu tempo. À medida que a sociedade moderna, do modo como a
conhecemos, começa a sofrer uma profunda transformação, as características
sociais que convencionalmente serviram de base para a teoria da desigualdade
também começam a perder significa- ção. A conseqüência de tudo isso é que,
conforme a sociedade industrial vai sendo substituída pela sociedade do
conhecimento (Böhme e Stehr, 1986; Stehr, 1994), torna-se necessário empreender
um novo tipo de análise dos fundamentos materiais e cognitivos das novas formas
de desigualdade social — meu segundo objetivo aqui. Em terceiro lugar, pretendo
fornecer uma explicação do modo como o conhecimento, entendido como capacidade
para a ação, se insere no processo de formação das desigualdades na sociedade
moderna. Sociedades industriais e desigualdades sociais Os diversos estudos
teóricos contemporâneos relacionados com a desigualdade social (versões da
teoria marxista, abordagens de tradição weberiana, concepções funcionalistas ou
tratamentos mais ecléticos) são antes de mais nada reflexos das formas de
desigualdade social existentes nas sociedades industriais. A especificidade
histórica vem bem a propósito. Como as teorias em questão são bastante
conhecidas (ver, por exemplo, Lipset, 1968), limito-me a apresentar suas linhas
gerais, procurando, porém, acentuar seus vínculos e sua dependência, não
obstante sua diversidade, dos processos socioeconômicos e so- DA DESIGUALDADE
DE CLASSE À DESIGUALDADE DE CONHECIMENTO 103 cioculturais que constituem as
sociedades industriais (cf. Kreckel, 1983). Tanto as teorias clássicas da
desigualdade como suas derivações mais modernas desenvolvem temas que
manifestam um interesse comum na natureza vertical dos estratos ou classes
sociais5 e na relação de indivíduos ou grupos com distinções de propriedade e
seu preço, inclusive em termos de salários derivados da propriedade da força de
trabalho. A conseqüência da premissa básica das teorias da desigualdade nas
sociedades industriais é que, em última análise, a origem e a legitimidade das
hierarquias sociais são sempre referidas ao processo produtivo e sua
organização. A implicação óbvia disso é que a desigualdade se torna uma função
direta, e freqüentemente indireta, da relação do indivíduo com o trabalho ou o
capital e seus ganhos, na forma de renda monetá- ria, juro, aluguel e lucro. A
identidade dos indiví- duos é mediada, quando não determinada, por sua relação
com o processo de trabalho. Os estratos e classes sociais são formados da mesma
maneira.6 Em suma, tanto as abordagens marxistas quanto as não-marxistas
sugerem que a sociedade industrial7 ainda é, primordialmente, uma sociedade do
trabalho (Arbeitsgesellschaft; cf. Offe, 1983). Isso leva os cientistas sociais
a pensar, pelo menos no caso da análise da desigualdade social em algumas
sociedades contemporâneas, que as hierarquias sociais ainda “são
predominantemente constituídas mais pela classe do que por outras formas de
clivagens sociais, independentemente de os fenômenos em exame serem de natureza
estrutural ou cultural.” (Marshall et al., 1988, p. 183). Todavia, essas
afirmações eludem a questão de saber se existe uma forma de trabalho típica da
sociedade industrial, a qual, mesmo em mudança, continuaria a exercer o mesmo
controle sobre a desigualdade social; ou se a forma de trabalho e sua
organização social passam por transformações no curso do desenvolvimento das
forças produtivas na sociedade industrial, e ainda se e como tais modificações
poderiam afetar as formas de desigualdade. Talvez se deva perguntar se essas
mudanças, à medida que o trabalho “direto” vai sendo substituído por outra
forma de trabalho, são um fator de comparação tão relevante quanto o foram na
fase de ascensão da sociedade industrial. Além disso, admite-se que na
sociedade industrial a importância do trabalho assegura que atributos
adquiridos substituam os atributos imputados, pelo menos para os que têm
trabalho. Mas os indivíduos ativos no processo de trabalho na sociedade
industrial moderna constituem uma minoria no conjunto da população.8 Apesar
disso, o status social dos que não estão ativos continua a ser visto, por uma
perspectiva adscrita e em contradição com a tendência para a individualização na
sociedade moderna, como dependente do processo produtivo. Nas chamadas teorias
multidimensionais da estratificação (cf. Barber, 1968), as dimensões
habitualmente identificadas como estratificadoras dos indivíduos em um sentido
vertical, tais como educação, renda, prestígio ocupacional e educação, são na
maioria das vezes tomadas como derivações do atributo primário, que é a relação
da pessoa com seu trabalho, e também são interpretadas como atributos que
convergem em seu valor relativo, isto é, no sentido de uma consistência de
status (cf. Goldthorpe, 1966; Stehr, 1971). Cerca de uma ou duas décadas atrás,
tinha-se como certo que a sociedade industrial e, de modo geral, o processo de
modernização deveriam originar um sistema de desigualdade social menos hierárquico,
mais padronizado e equilibrado, que refletiria mais de perto as aptidões
individuais, seria mais aberto e, portanto, menos rígido do que fora nas fases
iniciais da industrialização, com suas fronteiras de classe quase sempre
inexpugnáveis (cf. Schelsky, 1955, pp. 218-242; Dahrendorf, 1959, p. 274, e
1987, p. 68; Goldthorpe, 1966, p. 650).9 Contudo, a falta de interesse geral
nas questões da desigualdade social não era de maneira alguma conseqüência de
um triunfo da igualdade na sociedade industrial.10 Os resultados
consistentemente crescentes do processo produtivo pareciam, porém, compensar a
falta de uma redistribuição significativa dos custos e das recompensas sociais
(Galbraith, 1957, p. 95) e explicar o sentimento geral de satisfação dominante
na época. Também neste sentido, porém, o otimismo dos dias heróicos do final da
década de 50 e começo dos anos 60 abriu caminho a um quadro mais diversificado,
104 REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS SOCIAIS - VOL. 15 No 42 principalmente à
percepção de que as modifica- ções esperadas ou mesmo a redução da desigualdade
econômica não se realizaram (por exemplo, Hradil, 1983), ainda que, em certos
aspectos, tenha-se verificado um evidente nivelamento — por exemplo, no que diz
respeito à expectativa de vida, ao acesso a serviços de saúde e a certos
dispositivos de previdência social. No entanto, é extremamente difícil
discernir mudanças na estrutura de poder ou nas relações de autoridade na
sociedade industrial, e por isso mesmo é muito difícil chegar a um acordo a esse
respeito. Algumas conseqüências esperadas dessas mudanças sobre a desigualdade
social na sociedade industrial poderiam perfeitamente ter sido realizadas por
razões bem diferentes — por exemplo, em virtude de mudan- ças estruturais na
sociedade mais do que como resultado de sucessos alcançados pelas pessoas ou da
mobilidade individual. A ênfase nas dimensões de classe e status restringiu a
sensibilidade e a visão dos pesquisadores para possíveis mudanças na natureza
da sociedade industrial, as quais não representam apenas repetições dos mesmos
processos de desigualdade — se bem que em um nível diferente — como
conseqüência de transformações lineares no conjunto da estrutura da
desigualdade.11 Algumas análises recentes têm chamado a atenção para novos e poderosos
atributos da desigualdade, como, por exemplo, diferenças no acesso à seguridade
social, nas condições de trabalho, nos recursos de lazer, nos modos de vida, no
acesso a serviços sociais, ou a desigualdade de tratamento devido a
características imputadas, que indicam um deslocamento da centralidade da
ocupação como princípio primordial de estratificação (cf. Hondrich, 1984).
Assim, as teorias mais recentes sobre a desigualdade na sociedade industrial
tendem a ressaltar um escopo muito maior e mais amplo de fatores que afetam as
oportunidades de vida e a posição social dos indivíduos. O mérito das teorias
sociológicas clássicas em geral e das teorias sobre a desigualdade social em
particular foi enfatizar determinadas dimensões operativas que constituem esse
fenômeno. Uma teoria mais abrangente, que acrescente mais dimensões relevantes
nas relações de status na sociedade, nem sempre resulta em uma teorização mais
estrita ou mais adequada da desigualdade na sociedade moderna. Hoje, a questão
importante é saber que novas dimensões de desigualdade estão surgindo na
sociedade contemporânea. Dimensões que devem ser levadas em conta e talvez
mesmo substituir as dimensões típicas das sociedades industriais. Entre essas
novas dimensões, a principal talvez seja a ascensão do “conhecimento” como
princípio de estratificação, como condição de acesso a uma posição social
elevada. Sociedades do conhecimento e desigualdades sociais Sugerir que o
conhecimento tem um papel cada vez mais importante na formação da natureza e da
estrutura da desigualdade social na sociedade moderna não significa defender
que, no sentido de um recurso para a ação, seja um fenômeno novo para a análise
da natureza da desigualdade. Ao contrário, como uma grande variedade de
competências culturais e aptidões, o conhecimento historicamente teve sempre um
papel importante na determinação de certos aspectos da desigualdade e em sua
avaliação por parte da sociedade. Por exemplo, a capacidade de ler e escrever
na língua dominante de uma nação tem tido um papel tão importante nos sistemas
de desigualdade quanto outras habilidades culturais. Dependendo da natureza e
da diversidade de uma cultura, o conhecimento das leis e dos procedimentos que
regem as transações na sociedade, por exemplo, ou o saber religioso influi na
posição social de uma pessoa (cf. Stinchcombe, 1968, pp. 326-327). O que
importa discutir não é apenas como a importância crescente do conhecimento
afeta, caso o faça, os padrões de desigualdade social, mas também por que o
conhecimento é “capaz” de substituir o que tem sido há séculos — e continua a
ser para muitos observadores — o fundamento sólido dos padrões de desigualdade
social na sociedade industrial.12 A primeira pergunta que se deveria fazer
talvez seja sobre que evidências — no que diz respeito a mudanças na estrutura
da sociedade — nos permitem afirmar que o conhecimento, defini- DA DESIGUALDADE
DE CLASSE À DESIGUALDADE DE CONHECIMENTO 105 do nesse contexto particular da
análise da desigualdade social, adquiriu nas sociedades modernas uma
importância especial para os padrões de tal fenômeno. Pelo menos dois grandes
grupos de mudanças societárias podem ser usados como provas da emergência do
conhecimento como princípio de estratificação. As condições socioestruturais,
bem como sociolegais e sociopolíticas, que podem ser tomadas como fundamento da
emergência do conhecimento como princípio de estratificação dizem respeito ao
relativo declínio da importância mediata e imediata da economia para os
indivíduos e as famílias. Refiro-me à diminuição da subordinação material
direta dos indiví- duos e das famílias a atividades centradas na economia de
mercado, principalmente em relação aos seus papéis ocupacionais e, portanto, de
sua dependência do que muitos ainda consideram ser seu papel básico de atores
econômicos. Por um lado, o que se tem reduzido é a força do vínculo de
dependência material de muitos atores unicamente com seu status ocupacional.
Por outro lado, o que vem aumentando é sua relativa emancipação material do
mercado de trabalho, pelo acúmulo de riqueza pessoal e familiar. A diminuição
da subordinação material à posição ocupacional de uma pessoa evidentemente não
afeta apenas os que trabalham, mas também se aplica, paradoxalmente com mais
força ainda, ao crescente segmento da população desempregada, involuntariamente
alijado do mercado de trabalho. Evidências taxativas do grau e da relativa
importância do primeiro tipo de transformação, na “extremidade superior do
espectro”, são difíceis de obter, seja porque a reflexão sobre a distribuição
da riqueza pessoal, do patrimônio familiar, de vários direitos de propriedade
etc. ainda é governada, sobretudo por razões ideológicas, por uma preocupação
com a concentração da riqueza (cf. Atkinson, 1980; Field, 1983; Wolff, 1991),
especialmente no caso dos percentis superiores dos muito ricos, seja em virtude
do enfoque exclusivo nas tentativas de medir a pobreza.13 Desigualdades de
riqueza que se prolongam por muito tempo,14 e que às vezes desafiam a
compreensão, ou o prognóstico real de uma sociedade cada vez mais dividida15
não deveriam nos levar a ignorar, simplesmente, o crescimento substancial do
nível geral de riqueza e prosperidade, mas a indagar sobre as conseqüências que
tal fato pode ter para expressões de desigualdade social nas nações altamente
desenvolvidas. No Canadá, por exemplo, onde não há imposto sobre a riqueza ou a
propriedade imobiliária, o censo (Statistics Canada) realiza de quando em
quando pesquisas por amostragem familiar para estimar as alterações da riqueza
no país. Uma análise baseada em dados relativos aos anos de 1970, 1977 e 1988 —
portanto, antes da significativa inflação do valor patrimonial que ocorreu no
final da década de 1980 — revela que a mudança mais notável foi o crescimento
do nível geral de riqueza. A riqueza média “para o universo combinado das
famílias e dos indivíduos solteiros era de $85.344 em dólares correntes (1984)
— isto é, 4,7 vezes a média de $18.189 verificada no ano de 1970 (Oja, 1987, p.
7).16 No mesmo período, o índice de preços ao consumidor cresceu 2,98%. O
aumento da riqueza mediana no mesmo período foi ainda mais significativo,
levando a crer em uma redução simultânea da desigualdade da riqueza no
Canadá.17 Outro aspecto importante da transformação da base da desigualdade
social na sociedade moderna é o estabelecimento e garantia de um pacote de
direitos de cidadania, especialmente de um piso de bem-estar social abaixo do
qual não se aceita que pessoa alguma venha a cair (cf. Dahrendorf, 1987). A
fixação desses direitos sociais naturalmente restringe e diminui a dependência
imediata dos indivíduos e famílias em relação à dinâmica da economia em geral e
do mercado de trabalho em particular. A estrutura de direitos coletivos ou
agregados nas sociedades modernas depende, é claro, da disponibilidade de
emprego remunerado, e a quantidade de trabalho agregado que será disponível é
crucial para a sustentação — e possí- vel expansão — desses direitos no futuro.
Ao mesmo tempo, esses desdobramentos dão a entender que os significados do
efeito dos estilos de vida na estrutura da economia se multiplicam (cf.
Gershuny, 1986). A desvinculação dessa subordinação imediata, o declínio da
intimida- ção e a menor vulnerabilidade dão origem e 106 REVISTA BRASILEIRA DE
CIÊNCIAS SOCIAIS - VOL. 15 No 42 sustentam novas esferas de ação.18 O processo
de descentramento e desvinculação tem um alcance muito mais geral. A derradeira
grande mudança estrutural que acompanha e alimenta o decréscimo da importância
da economia é a redução do grau em que a sociedade moderna — relativamente a
muitas atividades que enumerarei adiante — perdeu os centros anteriores de
autoridade e, portanto, os padrões de conduta exemplares ou rigidamente
limitadores. Não obstante tudo o que se possa dizer sobre a expansão da
globalização ou da homogeneização, as sociedades modernas não têm mais uns
poucos partidos políticos — pelo menos nos países em que a legislação eleitoral
não desestimula a multiplicação de partidos —, nem padrões familiares,
sindicatos, estrutura de gênero, religiões, disciplinas científicas, grupos
étnicos, estratos sociais, comunidades, cidades, estruturas corporativas
coerentes e/ou dominantes. Em todos esses casos está em curso um processo de
descentramento. Por exemplo, na maioria das sociedades modernas a família tradicional
não é mais o padrão dominante, prevalecendo, ao contrário, diversos padrões. O
descentramento produz estruturas maleáveis que podem ser reconstruídas segundo
modalidades que estimulam ainda mais esse processo. A reconstrução das regras
que governam os padrões estruturais, por sua vez, habilita as pessoas a fazerem
uso de seu “conhecimento” de maneira produtiva.19 O conhecimento como um pacote
de competências Se quisermos ter uma noção de como o conhecimento, enquanto
recurso e capacidade de ação aplicável a diversos assuntos (ou multifacetado),
envolveu-se na desigualdade social — e o fez não só como um outro conjunto de
meios dentre os vários mecanismos e instrumentos materiais tradicionais que
produzem e alimentam uma cadeia de hierarquias sociais —, é preciso mencionar
as mudanças estruturais como pano de fundo. Também é importante levar em conta
que, em tais circunstâncias, o conhecimento gera vantagens e desvantagens
sociais mais imediatas e diretas, na forma de poder e autoridade. Parece-me que,
neste contexto, o conhecimento tem de ser conceituado como um pacote de
competências — no sentido, por exemplo, da capacidade socialmente reconhecida
de um determinado agente de falar e agir (cf. Bourdieu, 1975, p. 19) — que
produz diferentes benefícios (ou custos) sociais para aqueles que são capazes
de mobilizar seus recursos em situações apropriadas.20 A relação entre fatores
cognitivos e materiais da desigualdade social se inverte: o conhecimento é que
comanda o bem-estar material, seus fatores e sua extensão. Mesmo que seja visto
como simples meio ou fundamento da desigualdade social na sociedade moderna, o
conhecimento deve ser pelo menos conceituado como um instrumento “metanível”,
capaz de afetar a aquisi- ção, defesa e controle de meios mais tradicionais de
estratificação. De um ponto de vista material, mas não somente dessa
perspectiva, o conhecimento deveria ser visto como um recurso que isola e
protege os indivíduos e as famílias do impacto imediato dos caprichos do
mercado e da coerção. Nas “sociedades do conhecimento”, a desigualdade torna-se
um fenômeno social muito menos óbvio, concreto e visível do que na sociedade
industrial. A escolha e a definição do conhecimento como uma “variável focal”
da desigualdade também indica que seus pré-requisitos e suas conseqüências
práticas tendem a ser, por enquanto, menos definitivos e consensuais do que
outras dimensões da desigualdade, como renda, educa- ção e ocupação, e tendem a
resultar em estruturas de desigualdade menos firmemente estabelecidas. Como recurso
para gerar e manter padrões de desigualdade, o conhecimento é mais tolerante à
ambigüidade, ao dissenso, a disputas não resolvidas e padrões essencialmente
questionáveis. Por essa razão, trato muito menos dos resultados de processos
alocativos (e de sua relação com atributos individuais quase imputados) do que
da capacidade de se auto-afirmar ou de atingir diferentes fins almejados em
contextos sociais muito diversificados.21 A questão está, então, em saber como
essa concepção do conhecimento complementa ou se diferencia das perspectivas
recentes sobre a desigualdade social que a entendem como um jogo de
representações cognitivas de diferenças sociais e DA DESIGUALDADE DE CLASSE À
DESIGUALDADE DE CONHECIMENTO 107 uma luta para dominar os discursos e as
estratégias pertinentes às classificações da estratificação. Bourdieu (1984),
por exemplo, faz esse tipo de análise, abordando a desigualdade social como
mapas de representações cognitivas. Afirma que as disputas classificatórias na
sociedade contemporâ- nea não consistem mais em uma competição por vantagens
que giram em torno da renda. Novos tipos de conflitos estão surgindo, centrados
em lutas por certificações, questões de gosto e superioridade ética (cf. Eder,
1989). Embora essa abordagem aumente consideravelmente nosso entendimento das
muitas facetas atuais da reconstrução de categorias de desigualdade, é provável
que esta continue a ser uma visão (funcionalista) que não se preocupa com as
condições que capacitam (ou incapacitam) ou com os aspectos constitutivos da
desigualdade, mas se restringe aos resultados ou produtos de disputas
classificatórias. Concentrar a análise no conhecimento implica voltar o foco
para as novas bases da desigualdade. Trata-se, em primeiro lugar, de saber que
possibilidades de lidar com novos tipos de disputas classificatórias são
proporcionadas pelos recursos cognitivos da ação. E até que ponto esses
recursos têm de estar socialmente distribuídos para que esse argumento sobre a
desigualdade não se limite a uma elite na sociedade. Ou, mais especificamente,
de que modo o conhecimento funciona como recurso nas lutas por status ou
predomínio em representações cognitivas em uma sociedade? Referindo-me à
formação e à consciência da desigualdade social,22 já mencionei rapidamente que
o conhecimento deveria ser conceituado como um pacote de competências sociais
que governam o processo de formação e manutenção do prestígio e do status
social. Como um pacote amplo e heterogêneo de competências, o conhecimento tem
efeitos específicos sobre o processo de formação da desigualdade, ao passo que
os resultados continuam a envolver hierarquias distribuí- das em dimensões
tradicionais, ou não tão tradicionais assim. Desse ponto de vista, o
conhecimento diferencia-se dos mecanismos anteriores, mais conspícuos, de
desigualdade. Desembrulhar esse pacote só pode significar a enumeração de
algumas das importantes capacidades específicas conferidas pelo conhecimento e
que são mobilizadas segundo as exigências de determinados contextos. A
distribuição concreta, as possibilidades substitutivas e as interdependências
múltiplas entre competências resultam em um sistema de desigualdade social cada
vez menos “coerente” e transparente, às vezes invisível a olho nu, nas
“sociedades de conhecimento”. A desigualdade social torna-se uma configuração
heterogênea e dependente do contexto. Relaciono abaixo as mais importantes
competências sociais que me parecem dirigir a desigualdade social no mundo
contemporâneo. A capacidade de tirar partido do discernimento. Como as regras
sociais e as normas e regulamentos legais que regem a conduta social ordinária
e extraordinária nunca são constituídas e impostas de um modo tal a não deixar
margem à interpretação e à ação discricionárias, ou a certa liberdade de
reconstrução, a competência para fazer uso do discernimento diz respeito à
capacidade dos indivíduos de extrair vantagens comparativas, por exemplo, no
campo dos tributos, investimentos, escolaridade, renda e outras. A facilidade
para organizar recursos de proteção. Os custos de oportunidade materiais ou
simbólicos de não ser capaz de mobilizar proteção podem ser consideráveis. Mais
uma vez, a capacidade de pôr em prática mecanismos e medidas de proteção é uma
questão de competência especializada, que habilita os atores a mobilizar o
acesso a um diferencial de conhecimentos para assegurar, por exemplo, que o
patrimônio e os direitos legais de uma pessoa estejam protegidos contra
desvalorizações estruturais ou desmesuradas. A autoridade para falar (cf.
Bourdieu, 1975). Esta competência não só implica, imediatamente, uma distinção
social em relação aos que não estão autorizados a falar, como tende a basear-se
cada vez mais em diferenças de conhecimentos. A autoridade para falar aplica-se
a muitos aspectos e situações e estende-se à possibilidade de um auditório
leigo ou de uma pessoa leiga ingressar em um campo discursivo de especialistas
como “orador e contestar a pretensa verdade do discurso que justifica essas
práticas” (Larson, 1990, p. 37). Pelo mesmo motivo, a incapacidade de dominar
conhe- 108 REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS SOCIAIS - VOL. 15 No 42 cimentos,
independentemente das modalidades de exclusão/inclusão sempre associadas a
diferenciais de educação, é cada vez mais interpretada como sinal de fracasso
pessoal. A capacidade de preparar-se para desafios. Este é outro elemento
crucial da estratificação baseada no conhecimento. Por exemplo, a faculdade de
contestar as práticas dos especialistas, do Estado ou das grandes corporações é
um importante atributo do conhecimento como capacidade de constituir
desigualdades. Neste mesmo sentido, adquire importância a capacidade de escapar
à vigilância e de abrir espaços de autonomia autoregulada, com base no
aproveitamento de instrumentos que muitas vezes são vistos como meios de aumentar
a fiscalização. A capacidade de evitação e exclusão é outro aspecto da
estratificação mobilizável a partir de diferentes bases de conhecimento. Estou
pensando nas estratégias que permitem distribuir de modo diferenciado certos
riscos da sociedade moderna como, por exemplo, nas áreas de segurança,
exposição ao conflito ou à violência, incidentes que colocam a saúde em perigo
e outras. Pela mesma razão, o enorme crescimento da “economia informal” na
maioria dos países de desenvolvimento avançado — isto é, todos os tipos e
formas de transações econômicas fora do controle do Estado e do sistema
jurídico, a despeito de serem ou não legais — pode ser tomado como uma das
conseqüências da ascensão do conhecimento como princípio de estratificação. Em
termos mais gerais, a abrangência das competências sociais corresponde a
recursos estratificados para ter controle sobre a própria vida; por exemplo, a
saúde (a expectativa de vida), a própria situação financeira, a vida pessoal,
as aspirações, a carreira, a segurança a longo prazo, ou a capacidade para
encontrar e obter ajuda para realizar essas tarefas, são efeitos gerais do
controle diferenciado de certas bases relevantes de conhecimento.23 A
capacidade de preparar-se para desafios, fazer uso do discernimento e
desenvolver estratégias para organizar e arcar com os custos da proteção de si
mesmo certamente constitui uma parte significativa dessas estratégias e, por
conseguinte, da certeza que de alguma forma a pessoa toma conta de si mesma e
não é um mero objeto passivo de circunstâncias fortuitas. Conclusão Ao propor
que as sociedades contemporâneas avançadas estão se tornando cada vez mais
“sociedades do conhecimento”, procurei mostrar que tanto as explicações
convencionais quanto as mais recentes, também conhecidas como perspectiva
multidimensional da desigualdade social, não captam apropriadamente as novas
realidades sociais e econômicas. A maior parte das teorias sobre a desigualdade
social permanece estreitamente relacionada com o processo de produção, sua organização
e seus resultados. Além disso, a linguagem usual dessas teorias continua presa
a um imaginário em que os agentes aparecem como criaturas inflexíveis,
enredadas em estruturas de desigualdade de objetivo único, que impõem seu ritmo
a indivíduos ou grupos passivos, muitas vezes por várias gera- ções. Já que os
regimes de desigualdade são interpretados como inflexíveis e em grande parte
unidimensionais, a estratificação é considerada abrupta e as conseqüências das
desigualdades materiais são vistas como duradouras; assim, o discurso sobre a
desigualdade tende a lidar com a coerção, ou seja, com as restrições, a
vulnerabilidade e a efetiva impotência dos indivíduos e grupos perante os
poderosos. Mas as novas realidades exigem uma nova linguagem que deveria
acentuar a ação, a maleabilidade, a flexibilidade, a múltipla finalidade dos
recursos, a volatilidade, a heterogeneidade das estruturas sociais. Cabe também
indagar até que ponto os indivíduos e grupos têm poder para usar e transformar
essas estruturas, uma vez que se tenha produzido uma significativa redução da
vulnerabilidade às forças da desigualdade. A condição que possibilita obter
bases de ação mais amplas e mais numerosas é o conhecimento, ou seja, um
conjunto de competências sociais de acesso mais geral, cujo impacto sobre as
estruturas sociais de desigualdade acelera as oportunidades dos atores de
reformular as construções sociais. As conseqüências desses fatos sobre a
desigualdade social são ao mesmo tempo imediatas e difíceis de entender. Todavia,
à medida que o DA DESIGUALDADE DE CLASSE À DESIGUALDADE DE CONHECIMENTO 109
conhecimento vai tomando o lugar da propriedade e do trabalho como mecanismo
constitutivo da desigualdade, a relação dos indivíduos e dos grupos com o
conhecimento passa a ter uma importância fundamental para os padrões de
desigualdade social nas sociedades contemporâneas. NOTAS 1 Mas, como Simmel
([1907] 1978, p. 440) também observa: “não há nenhuma vantagem que pareça ser
tão desprezada aos olhos dos que estão em posições inferiores e, portanto, que
os faça se sentirem mais carentes e desamparados do que a vantagem da
educação.” 2 A análise de classe, por exemplo, parece ter caído em descrédito.
Seu declínio talvez se tenha acelerado com o desaparecimento de muitos Estados
que tentaram abolir as classes na prática. E o que timidamente permanece da
análise de classe nas ciências sociais, e quer diferenciar-se da abordagem
marxista, pode ser reduzido a uma investigação da desigualdade social na
sociedade industrial com base em classificações convencionais e reflexões
pertinentes às relações de emprego nos mercados de trabalho e nas unidades de
produção (por exemplo, Goldthorpe e Marshall, 1992). A definição marxista
tradicional de classe social tornou-se um caso especial do conceito de classe
proposto por estes autores ou Dahrendorf (1959, p. 247). Na visão deste último,
as classes sociais, e o conflito social, “estão presentes sempre que a
autoridade é distribuída de modo desigual entre posições sociais”. Talvez as
grada- ções de autoridade, ou o que Comte chamou de rela- ções “involuntárias
de autoridade”, sejam uma espécie de constante antropológica, essencial para o
comportamento humano. Mas, contrariando as teses de Goldthorpe e Marshall,
Dahrendorf (1959, pp. 269-270) observa ou deduz de sua teoria do isolamento
institucional do conflito industrial uma delimitação de esferas e papéis na
sociedade industrial avançada, em conexão com a economia, e que tem como
resultado o fato de que “a indústria na sociedade pós-capitalista perdeu seu
significado social totalizador e foi em certa medida lançada fora da
sociedade”. Outros papéis sociais que não a posição no emprego (de operários
industriais e grupos ocupacionais semelhantes) adquiriram maior importância e,
por isso, o “setor do comportamento social que não é imediatamente determinado
pela ocupação vem se ampliando firme e gradualmente” (idem, p. 273). 3 Compare
com a análise de Gellner (1987, pp. 102-104) sobre o papel da riqueza na
sociedade agrária nos primórdios do industrialismo e na sociedade moderna. 4
Mas, ao contrário do que diz Marcuse (1964, p. 2), faz diferença para essas
novas formas de desigualdade “que a crescente satisfação das necessidades seja
realizada por um sistema autoritário ou não autoritário”. 5 Portanto, diferenças
entre superior e inferior são consideradas essenciais ao fenômeno da
desigualdade social (cf. Kreckel, 1983, pp. 6-12). O resultado às vezes é uma
excessiva ênfase metafórica na questão da verticalidade. 6 A distinção
provavelmente mais óbvia entre as teorias marxistas e não-marxistas da
desigualdade social na sociedade industrial está nas concepções do que deve
constituir a unidade central de análise teórica e empírica. As teorias
não-marxistas da estratificação social tendem a generalizar a desigualdade
baseada em características individuais, ao passo que as teorias marxistas
preferem ter como unidade básica as coletividades sociais. Desse modo, a
dimensão individual é vista como essencialmente “subjetiva” pelos seus
críticos, enquanto as unidades “objetivas”, como as classes sociais, provocam a
objeção de carecerem exatamente dessa dimensão subjetiva (por exemplo, Adorno,
1969, p. 13). 7 Outro aspecto comum, embora menos relevante, das teorias
contemporâneas da desigualdade social é o fato de tomarem como fronteiras os
Estados nacionais que constituem os limites políticos da sociedade industrial.
8 No Canadá, em 1989, a proporção dos indivíduos empregados era de 51,8% da
população total; nos Estados Unidos, de 47,2% (117 milhões em 248 milhões); na Inglaterra,
47,36% (27 milhões em 57 milhões) e na Alemanha Ocidental, de 45,16% (28
milhões em 62 milhões de pessoas), para mencionarmos apenas uns poucos países.
9 O conceito de Helmut Schelsky (1955, p. 222) de uma “nivellierte
Mittelstandsgesellschaft”, ou uma sociedade nivelada de classe média, à qual
pretendo referir-me, baseia-se, porém, no suposto de um processo de nivelamento
que se assemelha a uma regressão para a média da desigualdade, embora o
nivelamento da desigualdade que Schelsky prevê fundamente-se principalmente na
mobilidade descendente, e não na mobilidade ascendente. Talcott Parsons (1954,
pp. 431 e 434), por outro lado, ao descrever o sistema de desigualdade social
na sociedade americana, sente-se obrigado a acrescentar à sua ênfase na enorme
importância do status ocupacional e dos rendimentos ocupacionais que há “um
montante de ‘compressão’ da escala, no que diz respeito à renda, que ocorreu
pelo menos na última geração”. Salienta que a base tradicional da pirâmide
ocupacional está “quase desaparecendo” e que “a estrutura de classes e a
sociedade americana tornar-se-ão mais predominantemente de classe média do que
já são”. 10 John K. Galbraith (1957, p. 85) é de opinião que a falta de
interesse no fenômeno da desigualdade social na época pode ser atribuída, de um
lado, ao fato de o grau de desigualdade nas sociedades capitalistas, ao contrá-
rio das previsões marxistas, não ter aumentado e, de outro lado, ao fato de que
a influência societária da riqueza, pelo menos nos Estados Unidos, era menos
pronunciada. 11 Ulrich Beck (1986, pp. 121-160) estudou a transforma- ção
linear e o crescimento da desigualdade material que desde a década de 50
sustentaram as relações estabele- 110 REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS SOCIAIS -
VOL. 15 No 42 cidas e as concentrações da desigualdade. Sua atenção dirigiu-se,
portanto, para o grau em que o aumento do padrão geral de vida facilita a
dissolução do comportamento social de classe ou a expansão da individualiza-
ção. Mas sua discussão petrifica-se no que poderiam ser as precondições para a
mudança no mundo-da-vida dos indivíduos. 12 Freqüentemente encontram-se
comentários de que a base da desigualdade pode ter se modificado de certo modo,
mas que nada mais realmente mudou. As hierarquias sociais verticais, por
exemplo, têm sido efetivamente mantidas assim como muitas das conseqüências
econômicas, sociais e culturais da desigualdade. Conforme disseram alguns
críticos, referindo-se à teoria de Bell (1973) sobre a sociedade
pós-industrial, as teses que descrevem novas formas de desigualdade social não
passam de extensões e desenvolvimentos da lógica da estrutura da sociedade
industrial e uma perpetuação de suas contradições (cf. Stearns, 1974, p. 17).
13 É muito freqüente que os dados de riqueza disponíveis se limitem aos
percentis superiores dos muito ricos. Além disso, as informações sobre
desigualdade de riqueza costumam ser prejudicadas por dificuldades
metodológicas; por exemplo, quanto à definição da riqueza e/ou da unidade de
análise, pela declaração sistematicamente subestimada de patrimônio, por
problemas de amostragem e pelo tratamento estatístico dos dados. 14 A despeito
de padrões de elevada concentração de riqueza, observou-se um declínio gradual
da desigualdade de riqueza e uma convergência no nível das diferenças de
riqueza entre as sociedades industrializadas neste século, pelo menos até
meados da década de 70 e nos países em que estão disponíveis dados para longas
séries temporais, como a Suécia, o Reino Unido e os Estados Unidos. “A parcela
da renda familiar nas mãos de um por cento dos mais ricos caiu de 50% em 1920
para 21% em 1975 na Suécia. Na Grã-Bretanha a proporção diminuiu de 61% em 1923
para 23% em 1974. A queda na desigualdade da riqueza nos Estados Unidos foi
menos intensa. A parcela de um por cento dos mais ricos detinha 38% da riqueza
total em 1922 e caiu para 27% em 1956” (Wolff, 1991, p. 128). A partir de 1970,
a queda na desigualdade de riqueza nessas sociedades, que têm modelos distintos
de política fiscal, transferências sociais, desempenho econômico e instituições
políticas e sociais, estancou. 15 Que se tornaram muito mais realistas desde
que André Gorz (1982), por exemplo, descreveu pela primeira vez o surgimento de
uma sociedade dividida nos países pósindustriais (cf. a seção “Produção contra
o emprego”, no capítulo 8). 16 O conceito de riqueza utilizado pelo Statistics
Canada exclui elementos importantes do patrimônio pessoal tais como
participações em fundos de pensão, apólices de seguro, o valor de coleções e
bens de consumo e outros direitos de propriedade. A pesquisa considera como
componentes da riqueza as ações ordinárias ao portador, dinheiro vivo,
depósitos de poupança, certificados, apólices, letras do Tesouro, capital
investido em atividade comercial, rural ou profissional; da soma desses valores
deduzem-se as dívidas para chegar à riqueza total. O relatório da pesquisa
declara que “há razões para crer que uma grande parte da riqueza efetivamente
possuída pode ter sido subdimensionada” em virtude das características metodológicas
da pesquisa (Statistics Canada, 1986, p. 83); por exemplo, os índices de recusa
a prestar informações foram maiores entre as famílias e indivíduos de renda
mais alta. O número de entrevistados (unidades familiares) na pesquisa de 1984
foi de aproximadamente 14 mil. Do total de famílias, 72% forneceram dados que
serviram de base para as estimativas da riqueza. 17 Embora o autor do estudo
comparativo do desenvolvimento da riqueza no Canadá se espante com o reduzido
montante da mudança havida no período 1970-1984 na distribuição e composição da
riqueza e com o enorme e simultâneo crescimento da riqueza geral (Oja, 1987, p.
7), a análise não dedica praticamente nenhuma atenção aos desenvolvimentos
posteriores. 18 O que esses desenvolvimentos não deixam claro é que
simplesmente desapareceram grupos identificáveis e sistematicamente
prejudicados em termos econômicos, ou uma subclasse visível. Aliás, os
prejuízos sofridos por essa subclasse se multiplicaram. 19 Pode-se sugerir que
as opiniões sobre o papel do conhecimento na desigualdade social até aqui
apresentadas são compatíveis com as observações feitas nos anos 60 e 70 a
respeito da crescente afluência, até mesmo saturação, das necessidades
materiais, da mudança setorial do emprego e da conseqüente modifica- ção das
atitudes e valores — o que Inglehart chamou de “revolução silenciosa” nas
preocupações com necessidades materiais de vida. A agenda política das mudan-
ças também se modificou. Mas a demanda por bens materiais não diminuiu
verdadeiramente com o aumento da afluência. Já indiquei que o desenvolvimento
do setor de serviços é mais bem analisado quando o desagregamos. 20 Em um
contexto um pouco diferente, Lyotard descreve de maneira semelhante os aspectos
capacitadores do conhecimento. Analisa a função do conhecimento na sociedade
pós-moderna e ressalta que o conhecimento não se limita de modo algum ao saber
científico ou instrumental. Ao contrário, o conhecimento diz respeito a “um
conjunto muito mais amplo de meios de constru- ção de competência e é a única
forma incorporada em um assunto constituído por várias áreas de competência”
(Lyotard, [1979] 1984, pp. 18-19). 21 Minha abordagem concorda com a de Amartya
Sen, que focaliza o exame dos espaços de funcionamento, ou da capacidade de
fazer funcionar, como variável focal para uma análise normativa das estruturas
de desigualdade. Certamente, a noção de capacidades (capabilities) é muito
ampla, como também o é a idéia do conhecimento como recurso geral na formação
de estruturas de desigualdade; portanto, pode parecer estranha aos olhos de
críticos que prefiram um conceito menos DA DESIGUALDADE DE CLASSE À
DESIGUALDADE DE CONHECIMENTO 111 includente. Entretanto, a abordagem das
capabilities é muito diferente, como observa Sen (1992, p. 6), “das concepções
mais tradicionais sobre a igualdade, que implicam uma concentração em variáveis
como renda, riqueza ou felicidade [...] Principalmente, julgar a igualdade e a
eficiência em termos de capacidade de fazer distingue-se das abordagens
utilitaristas convencionais bem como de outras formulações de bem-estar.” As
perspectivas utilitaristas e do bem-estar adotam um cálculo muito mais restrito
e estreito da desigualdade. 22 Se nos propuséssemos a manter — contrariamente
às perspectivas que afirmam que a posição de classe perdeu significado nas
últimas décadas como fonte de consciência ideológica — a noção de uma
“consciência de classe” (subjetiva) como um fator relevante na sociedade
moderna, a conseqüência lógica seria que a formação e conservação dessa
consciência de classe talvez tivesse de ser efetuada por outros fatores além do
status material dos indivíduos e das famílias (cf. Evans, 1992, onde se
encontra uma crítica empírica de uma concepção estreita dos fatores associados
à consciência de classe na Grã-Bretanha). 23 Nos Estados Unidos, a localização
social de muitas dessas atividades encontra-se no que Peter Drucker (1989, p.
187) chama de “terceiro” setor de instituições sem fins lucrativos,
não-governamentais, “de mudança humana”. O terceiro setor é realmente “o maior
empregador do país, embora nem sua força de trabalho nem seu produto apareçam
nas estatísticas. Calcula-se que um em cada dois adultos nos Estados Unidos —
de um total de 90 milhões de pessoas — trabalha como voluntário no terceiro
setor” (idem, p. 197).
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Autoras: Patrícia Aparecida de Almeida e Natacha Andrade Barboza - PUC CAMPINAS
Autoras: Patrícia Aparecida de Almeida e Natacha Andrade Barboza - PUC CAMPINAS
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