FILMES
SOBRE RELIGIÃO
1.
Lutero
Análise:
Este filme alemão, lançado
em 2004 e protagonizado por Joseph Fiennes, retrata a trajetória de Martinho
Lutero. Lutero foi o homem responsável pela reforma protestante do século XVI.
Sendo um homem profundamente conectado a teologia e nutrindo o sonho de ser
padre, seguiu um caminho revolucionário que se confrontava diretamente com os
princípios da Igreja Romana da época. Por tratar-se de uma obra cinematográfica
é importante não deixarmos escapar ao olhar a excessiva personalidade que é
dada ao personagem, sendo fundamental conhecer a trajetória do mesmo para além
deste filme. Ainda assim, o filme é um importante material para compreender como
o surgimento da reforma protestante e todas as consequências que uma revolução
que confronta diretamente a Igreja e todos ligados a ela, como era o caso da
monarquia, pode suscitar uma onda de violência e situações de conflito. É
interessante questionar as intenções de Lutero, por exemplo, com seus 95 Testes
que desafiam diretamente o alto clérigo, transformando muito dos preceitos
estabelecidos e definidos pela Igreja por décadas. Os diversos desafios e posicionamentos
tomados pelo personagem permitem que se trabalhe em sala da aula as
características da Igreja naquela época e seu papel na política, uma vez que a
sua relação com a monarquia era estreita. Permite também que se trabalhe com o
principal aspecto desenvolvido no filme: a reforma protestante.
2. O
código da Vinci
Análise:
O filme norte-americano de
2006, dirigido por Ron Howard e estrelado por Tom Hanks é uma ficção de
suspense e ação, que gira em torno de um importante segredo protegido por
séculos por uma sociedade secreta. A história se passa em sua maior parte na
França, mais especificamente, em Paris, com destaque para o professor Robert
Langdon, simbologista de Harvard, que se encontra envolvido em um grande
mistério quando ocorre um assassinato no museu do Louvre, desencadeando uma
série de acontecimentos que dão a tônica do filme. Apesar de se tratar de uma
ficção, a história apresenta vários fatos históricos e religiosos reais e
importantes para construir uma reflexão sobre a Igreja Católica. Torna-se,
portanto, um importante recurso para utilizar em sala de aula, pois além de ser
um filme conhecido mundialmente, que possivelmente o aluno terá conhecimento,
também foge de um enredo denso e complexo, como são geralmente os filmes
destinados a relatar fatos ou acontecimentos históricos. Esse filme é capaz de
reunir ficção e aventura com importantes questões teóricas da religião para
serem discutidas com os alunos, explorando os limites do real e do ficcional presente
na obra.
3. O
gato do rabino
Análise:
Animação francesa de 2011,
“O gato do rabino” é um importante instrumento para ser trabalhada em sala de
aula. A história se desenvolve na Argélia onde predomina a existência do povo
mulçumano, localizado numa cidade judia que possui influência do catolicismo
francês, ressaltando nesse contexto a pluralidade de crenças que podem existir
num único território. É carregado de um tom irônico, principalmente com a
representação do gato, um ser extremamente questionador, que tenta a partir de
muitas perguntas e um olhar cético, compreender a comunidade judaica. Cercado
de vários personagens que de certa forma contribuem para explorar a diversidade
religiosa, o filme apresenta em um tom leve, a partir de gráficos e ilustrações
bastante interessantes os desafios de lidar com o outro. Relevante para
trabalhar questões como diversidade religiosa e tolerância.
4. O
sonho de Wadjda
Análise:
O filme “O sonho de Wadjda”
de 2012, é um filme teuto-saudita dirigido pela cineasta Haifaa al-Mansour. Ela
foi a primeira mulher a dirigir um longa-metragem na história da Arábia
Saudita. Conhecer o contexto no qual o filme foi produzido já é um importante
instrumento de trabalho para a sala de aula, pois tratando-se de uma produção
ocorrida em um país que ainda possui um conservadorismo e um extremismo em
relação aos direitos femininos, percebemos o quão desafiador foi para a
cineasta desenvolver esta obra. Em alguns momentos ela tinha que se dirigir aos
seus colaboradores sem aparecer no set de filmagens, pois uma mulher não
poderia aparecer no comando e nem dando ordens para os homens. A trama gira em
torno de Wadjda, uma garota de 10 anos que vive na Arábia Saudita e que
questiona a cultura em que vive, não compreendo os motivos que colocam as
mulheres numa posição inferior ao homem, sendo proibidas de realizar
determinadas funções, tarefas ou atividades como, por exemplo, andar de
bicicleta. E é justamente o fato de não possuir uma bicicleta e nem de podê-lo,
que ela inicia uma trajetória na tentativa de conseguir dinheiro para comprar
uma e reverter esse cenário, realizando sua vontade de poder andar de bicicleta
com o seu melhor amigo. O ponto alto deste filme é o retrato da condição que as
mulheres vivem e se submetem por conta de sua cultura e de sua religião e os
desafios e preconceitos que são enfrentados por aqueles ou aquelas que tentam,
de alguma forma, inverter essa realidade. Torna-se uma rica contribuição para
discutir temas da religião e seu impacto em outras culturas, bem como as
diversas questões sociais que envolvem esses acontecimentos, como intolerância,
discriminação de gênero, conservadorismo, ideologia, direitos humanos, entre
outros.
5.
Anjos e demônios
Robert Langdon, professor de
simbologia de Harvard, vive sua primeira aventura em Anjos e Demônios, quando
tenta impedir que uma antiga sociedade secreta destrua a Cidade do Vaticano. Às
vésperas do conclave que vai eleger o novo Papa, Langdon é chamado às pressas
para analisar um misterioso símbolo marcado a fogo no peito de um físico
assassinado em um grande centro de pesquisas na Suíça. Ele descobre indícios de
algo inimaginável: a assinatura macabra no corpo da vítima – um ambigrama que
pode ser lido tanto de cabeça para cima quanto de cabeça para baixo – é dos
Illuminati, uma poderosa fraternidade considerada extinta há quatrocentos anos. O autor do livro que foi base para o filme mescla
fatos históricos, obras de artes e outros monumentos à história criada por ele,
além de desenvolver uma discussão entre ciência e religião.
6.
Encantadora de baleias
A tribo Maori,
que vive no leste da Nova Zelândia, acredita ser descendente de Paikea, o
domador de baleias. Segundo a lenda, há milhares de anos a canoa de Paikea
virou em cima de uma baleia e ele, cavalgando-a, liderou seu povo até um local
para viver. A tradição da tribo Maori diz que o primeiro filho do chefe da
tribo seria considerado descendente de Paikea e líder espiritual do povo.
Porém, após a morte do atual líder, quem assume o posto é sua irmã, Pai, uma
garota de apenas 11 anos. Apesar de ser corajosa e amada por todos, Pai precisa
ainda enfrentar a resistência de seu avô, Koro, que insiste na manutenção da
antiga tradição de que o chefe da tribo deve ser um homem. Diversas questões são levantadas
durante o filme, como, por exemplo, o drama dos povos tribais: o medo de perder
os laços e a continuidade de sua cultura em um mundo cada vez mais consumista,
individualista e globalizado. Mas as questões do filme são universais, trata-se
do processo de se aprender a viver, de se inserir no meio social em que se vive
positivamente.
7.
As Brumas de Avalon
Morgana recorda
que a maioria do que foi dito sobre o Rei Arthur e aqueles que o cercavam é
mentira, pois, como sacerdotisa de Avalon, onde nasceu a religião da Deusa-Mãe,
viveu estes acontecimentos, que começaram quando acontece o maior levante já
visto na Bretanha. Os saxões varriam o país matando igualmente cristãos e
seguidores da deusa de Avalon. Se um grande líder não unisse cristãos e pagãos,
a Bretanha estaria condenada ao barbarismo e Avalon ao desaparecimento.
Gorlois, o pai de Morgana, lutava incansavelmente contra as hordas de saxões.
Nesta época Morgana era apenas uma criança, que vivia na Cornuália com Igrane,
sua mãe, que era ainda uma seguidora da antiga religião e praticava
secretamente a antiga magia. Morgause, a irmã de Igrane, também lá morava e
apreciava o poder de Avalon. Um dia Viviane, que também tia de Morgana e,
principalmente, era a grã-sacerdotisa de Avalon, passou a visar apenas um
objetivo: salvar Avalon dos saxões. Ela teve uma visão que o rei morreria em 6
meses, sem deixar herdeiros. Viviane comunica a Igrane que ela irá gerar este
líder, mas não com Gorlois, seu marido, e sim com um homem que usa o símbolo do
dragão e é um seguidor da deusa. A idéia desagrada Igrane, sendo que Morgause
diz que não tem marido a quem trair e também tem o sangue de Avalon, assim quer
fazer este homem se apaixonar por ela e gerar esta criança. Viviane se opõe,
dizendo que ninguém pode viver o destino de outro, e fala para Morgause que ela
tem um rei e filhos no seu futuro, mas não dá explicações. Viviane planeja
salvar Avalon através da unção e treinamento de sua sobrinha, Morgana, como sua
sucessora, manipulando a linhagem real para gerar Arthur, um rei que abraçará
tanto as crenças pagãs quanto o cristianismo. Desta forma Avalon seria salva,
pois a ilha é o centro pagão do poder e um mundo místico invisível para aqueles
que não crêem. Porém, conforme o cristianismo avança pela Inglaterra e mais
pessoas se afastam da Deusa, esse reino misterioso se torna difícil de alcançar
até mesmo para os que têm fé, com a ambiciosa Morgause se empenhando em
frustrar seus planos. Viviane tem um temperamento determinado e boas intenções,
mas comete um erro que atingirá Morgana pessoalmente e afetará toda a Bretanha.
8. O
Auto da Compadecida
O filme narra as histórias
dos nordestinos João Grilo e Chicó. Ambos lutam contra a fome e atravessam por
vários episódios enganando a todos do vilarejo de Taperoá, no sertão da
Paraíba. A salvação da dupla acontece com a aparição da Nossa Senhora. A adaptação
da obra de Ariano Suassuna trata, com humor, o drama vivido pelo
povo nordestino: seca, medo da fome e em constante luta contra a miséria.
Mostra também o perfil dos sertanejos nordestinos que estão submetidos à
opressão e subjugados por famílias de poderosos coronéis donos de terra. O
personagem de João representa o povo oprimido que tenta sobreviver no sertão,
utilizando de sua inteligência. Fica evidente o cunho de sátira
moralizante da peça, através das características de seus personagens. Avareza,
ganância e autoritarismo são as características de alguns personagens. Todos
estes são condenados ao purgatório com a interseção de Nossa Senhora, sendo
julgados por Jesus, interpretados por um ator negro, e, assim, regionalizando
as figuras bíblicas para o nordeste brasileiro.
Autoras: Aretha Beatriz Brito da Rocha e Tamires da Silva Oliveira - Puc- Campinas
Nenhum comentário:
Postar um comentário