domingo, 19 de junho de 2016

Filmes - Tema Religião



FILMES SOBRE RELIGIÃO

1. Lutero

Análise: Este filme alemão, lançado em 2004 e protagonizado por Joseph Fiennes, retrata a trajetória de Martinho Lutero. Lutero foi o homem responsável pela reforma protestante do século XVI. Sendo um homem profundamente conectado a teologia e nutrindo o sonho de ser padre, seguiu um caminho revolucionário que se confrontava diretamente com os princípios da Igreja Romana da época. Por tratar-se de uma obra cinematográfica é importante não deixarmos escapar ao olhar a excessiva personalidade que é dada ao personagem, sendo fundamental conhecer a trajetória do mesmo para além deste filme. Ainda assim, o filme é um importante material para compreender como o surgimento da reforma protestante e todas as consequências que uma revolução que confronta diretamente a Igreja e todos ligados a ela, como era o caso da monarquia, pode suscitar uma onda de violência e situações de conflito. É interessante questionar as intenções de Lutero, por exemplo, com seus 95 Testes que desafiam diretamente o alto clérigo, transformando muito dos preceitos estabelecidos e definidos pela Igreja por décadas. Os diversos desafios e posicionamentos tomados pelo personagem permitem que se trabalhe em sala da aula as características da Igreja naquela época e seu papel na política, uma vez que a sua relação com a monarquia era estreita. Permite também que se trabalhe com o principal aspecto desenvolvido no filme: a reforma protestante.

2. O código da Vinci

Análise: O filme norte-americano de 2006, dirigido por Ron Howard e estrelado por Tom Hanks é uma ficção de suspense e ação, que gira em torno de um importante segredo protegido por séculos por uma sociedade secreta. A história se passa em sua maior parte na França, mais especificamente, em Paris, com destaque para o professor Robert Langdon, simbologista de Harvard, que se encontra envolvido em um grande mistério quando ocorre um assassinato no museu do Louvre, desencadeando uma série de acontecimentos que dão a tônica do filme. Apesar de se tratar de uma ficção, a história apresenta vários fatos históricos e religiosos reais e importantes para construir uma reflexão sobre a Igreja Católica. Torna-se, portanto, um importante recurso para utilizar em sala de aula, pois além de ser um filme conhecido mundialmente, que possivelmente o aluno terá conhecimento, também foge de um enredo denso e complexo, como são geralmente os filmes destinados a relatar fatos ou acontecimentos históricos. Esse filme é capaz de reunir ficção e aventura com importantes questões teóricas da religião para serem discutidas com os alunos, explorando os limites do real e do ficcional presente na obra.

3. O gato do rabino

Análise: Animação francesa de 2011, “O gato do rabino” é um importante instrumento para ser trabalhada em sala de aula. A história se desenvolve na Argélia onde predomina a existência do povo mulçumano, localizado numa cidade judia que possui influência do catolicismo francês, ressaltando nesse contexto a pluralidade de crenças que podem existir num único território. É carregado de um tom irônico, principalmente com a representação do gato, um ser extremamente questionador, que tenta a partir de muitas perguntas e um olhar cético, compreender a comunidade judaica. Cercado de vários personagens que de certa forma contribuem para explorar a diversidade religiosa, o filme apresenta em um tom leve, a partir de gráficos e ilustrações bastante interessantes os desafios de lidar com o outro. Relevante para trabalhar questões como diversidade religiosa e tolerância.

4. O sonho de Wadjda

Análise: O filme “O sonho de Wadjda” de 2012, é um filme teuto-saudita dirigido pela cineasta Haifaa al-Mansour. Ela foi a primeira mulher a dirigir um longa-metragem na história da Arábia Saudita. Conhecer o contexto no qual o filme foi produzido já é um importante instrumento de trabalho para a sala de aula, pois tratando-se de uma produção ocorrida em um país que ainda possui um conservadorismo e um extremismo em relação aos direitos femininos, percebemos o quão desafiador foi para a cineasta desenvolver esta obra. Em alguns momentos ela tinha que se dirigir aos seus colaboradores sem aparecer no set de filmagens, pois uma mulher não poderia aparecer no comando e nem dando ordens para os homens. A trama gira em torno de Wadjda, uma garota de 10 anos que vive na Arábia Saudita e que questiona a cultura em que vive, não compreendo os motivos que colocam as mulheres numa posição inferior ao homem, sendo proibidas de realizar determinadas funções, tarefas ou atividades como, por exemplo, andar de bicicleta. E é justamente o fato de não possuir uma bicicleta e nem de podê-lo, que ela inicia uma trajetória na tentativa de conseguir dinheiro para comprar uma e reverter esse cenário, realizando sua vontade de poder andar de bicicleta com o seu melhor amigo. O ponto alto deste filme é o retrato da condição que as mulheres vivem e se submetem por conta de sua cultura e de sua religião e os desafios e preconceitos que são enfrentados por aqueles ou aquelas que tentam, de alguma forma, inverter essa realidade. Torna-se uma rica contribuição para discutir temas da religião e seu impacto em outras culturas, bem como as diversas questões sociais que envolvem esses acontecimentos, como intolerância, discriminação de gênero, conservadorismo, ideologia, direitos humanos, entre outros.

5. Anjos e demônios
Robert Langdon, professor de simbologia de Harvard, vive sua primeira aventura em Anjos e Demônios, quando tenta impedir que uma antiga sociedade secreta destrua a Cidade do Vaticano. Às vésperas do conclave que vai eleger o novo Papa, Langdon é chamado às pressas para analisar um misterioso símbolo marcado a fogo no peito de um físico assassinado em um grande centro de pesquisas na Suíça. Ele descobre indícios de algo inimaginável: a assinatura macabra no corpo da vítima – um ambigrama que pode ser lido tanto de cabeça para cima quanto de cabeça para baixo – é dos Illuminati, uma poderosa fraternidade considerada extinta há quatrocentos anos. O autor do livro que foi base para o filme mescla fatos históricos, obras de artes e outros monumentos à história criada por ele, além de desenvolver uma discussão entre ciência e religião.

6. Encantadora de baleias
A tribo Maori, que vive no leste da Nova Zelândia, acredita ser descendente de Paikea, o domador de baleias. Segundo a lenda, há milhares de anos a canoa de Paikea virou em cima de uma baleia e ele, cavalgando-a, liderou seu povo até um local para viver. A tradição da tribo Maori diz que o primeiro filho do chefe da tribo seria considerado descendente de Paikea e líder espiritual do povo. Porém, após a morte do atual líder, quem assume o posto é sua irmã, Pai, uma garota de apenas 11 anos. Apesar de ser corajosa e amada por todos, Pai precisa ainda enfrentar a resistência de seu avô, Koro, que insiste na manutenção da antiga tradição de que o chefe da tribo deve ser um homem. Diversas questões são levantadas durante o filme, como, por exemplo, o drama dos povos tribais: o medo de perder os laços e a continuidade de sua cultura em um mundo cada vez mais consumista, individualista e globalizado. Mas as questões do filme são universais, trata-se do processo de se aprender a viver, de se inserir no meio social em que se vive positivamente.

7. As Brumas de Avalon
Morgana recorda que a maioria do que foi dito sobre o Rei Arthur e aqueles que o cercavam é mentira, pois, como sacerdotisa de Avalon, onde nasceu a religião da Deusa-Mãe, viveu estes acontecimentos, que começaram quando acontece o maior levante já visto na Bretanha. Os saxões varriam o país matando igualmente cristãos e seguidores da deusa de Avalon. Se um grande líder não unisse cristãos e pagãos, a Bretanha estaria condenada ao barbarismo e Avalon ao desaparecimento. Gorlois, o pai de Morgana, lutava incansavelmente contra as hordas de saxões. Nesta época Morgana era apenas uma criança, que vivia na Cornuália com Igrane, sua mãe, que era ainda uma seguidora da antiga religião e praticava secretamente a antiga magia. Morgause, a irmã de Igrane, também lá morava e apreciava o poder de Avalon. Um dia Viviane, que também tia de Morgana e, principalmente, era a grã-sacerdotisa de Avalon, passou a visar apenas um objetivo: salvar Avalon dos saxões. Ela teve uma visão que o rei morreria em 6 meses, sem deixar herdeiros. Viviane comunica a Igrane que ela irá gerar este líder, mas não com Gorlois, seu marido, e sim com um homem que usa o símbolo do dragão e é um seguidor da deusa. A idéia desagrada Igrane, sendo que Morgause diz que não tem marido a quem trair e também tem o sangue de Avalon, assim quer fazer este homem se apaixonar por ela e gerar esta criança. Viviane se opõe, dizendo que ninguém pode viver o destino de outro, e fala para Morgause que ela tem um rei e filhos no seu futuro, mas não dá explicações. Viviane planeja salvar Avalon através da unção e treinamento de sua sobrinha, Morgana, como sua sucessora, manipulando a linhagem real para gerar Arthur, um rei que abraçará tanto as crenças pagãs quanto o cristianismo. Desta forma Avalon seria salva, pois a ilha é o centro pagão do poder e um mundo místico invisível para aqueles que não crêem. Porém, conforme o cristianismo avança pela Inglaterra e mais pessoas se afastam da Deusa, esse reino misterioso se torna difícil de alcançar até mesmo para os que têm fé, com a ambiciosa Morgause se empenhando em frustrar seus planos. Viviane tem um temperamento determinado e boas intenções, mas comete um erro que atingirá Morgana pessoalmente e afetará toda a Bretanha.

8. O Auto da Compadecida
O filme narra as histórias dos nordestinos João Grilo e Chicó. Ambos lutam contra a fome e atravessam por vários episódios enganando a todos do vilarejo de Taperoá, no sertão da Paraíba. A salvação da dupla acontece com a aparição da Nossa Senhora. A adaptação da obra de Ariano Suassuna trata, com humor, o drama vivido pelo povo nordestino: seca, medo da fome e em constante luta contra a miséria. Mostra também o perfil dos sertanejos nordestinos que estão submetidos à opressão e subjugados por famílias de poderosos coronéis donos de terra. O personagem de João representa o povo oprimido que tenta sobreviver no sertão, utilizando de sua inteligência. Fica evidente o cunho de sátira moralizante da peça, através das características de seus personagens. Avareza, ganância e autoritarismo são as características de alguns personagens. Todos estes são condenados ao purgatório com a interseção de Nossa Senhora, sendo julgados por Jesus, interpretados por um ator negro, e, assim, regionalizando as figuras bíblicas para o nordeste brasileiro. 

Autoras: Aretha Beatriz Brito da Rocha e Tamires da Silva Oliveira -  Puc- Campinas

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