Resenha
Ficha
Técnica:
Nome
do Filme: O Corte
Direção:
Costa-Gravas
Atores:
José Garcia, Karin Viard,
Ulrich Tukur
Duração:
2h02
Gênero:
Suspense,
Comédia, Drama
Ano
de Lançamento: 2005
Sinopse:
O filme mostra a vida de um
engenheiro chamado Bruno Darvert uma pessoa bem sucedida que vive muito bem com
sua família e tem um ótimo emprego numa fábrica de papel, até que essa
instabilidade é comprometida quando ele é surpreendido com sua demissão após 15
anos de... Assim Bruno, um executivo francês (José Garcia), depois de dois
desempregado, chega ao desespero. Decidido a recuperar o antigo cargo, ele
decide matar seu atual ocupante e todos os candidatos da empresa em que
trabalhava com potencial para ocupá-lo. A “lei da selva” retratada na obra,
nada mais é do que a realidade brutal e aprisionante das grandes corporações.
Bruno, o protagonista do filme, transborda sentimentos de ódio e frustração
pela sua demissão que representa mais do que uma simples “dispensa” de um
cargo, é por si só a perda do seu status em contexto social onde isso é tão
valorizado.
Análise:
As mudanças sofridas por ele e
milhões de tantos outros trabalhadores em todo o mundo são fruto de um contínuo
processo de reestruturação produtiva adotado pelo modo capitalista de produção,
aproximadamente no início da década de 70, para conter a crise econômica
estrutural em nível global a partir da derrocada do Welfare State. Tal conjunto
de mudanças e ajustes estruturais ficou conhecido como políticas neoliberais
exatamente por reiterar e/ou reatualizar alguns princípios e pressupostos do
liberalismo clássico em uma nova conjuntura sociopolítica e socioeconômica do
capitalismo. O filme retrata sempre que possível o símbolos do bem-estar
expostos na publicidade, que nos fazem refletir sobre que modelo de vida. Nesse
modelo de produção capitalista o desemprego é algo de aplicação indispensável
nas relações sociais, sendo isso uma estratégia do capital para manter a ordem
social vigente, quanto maior é o desenvolvimento das forças produtivas mais
miséria se reproduz. Fica perceptível nesse filme que por mais que as pessoas
sejam qualificadas, cultas e competentes não há mercado de trabalho para todos
e é isso que explica a competição atual, o sistema capitalista é tão
contraditório que quanto mais ele se desenvolve pior se torna a vida da classe
trabalhadora, ou seja, aumenta a intensificação do trabalho. O que aconteceu
com o Bruno Darvert nada mais é que uma estratégia do capital, no qual o
exército industrial de reserva, que significa uma enorme fila de desempregados
esperando por uma oportunidade de trabalho, faça com que o trabalho seja cada
vez mais árduo e intensificado, precarizando as condições de trabalho,
ressaltando que isso só se faz possível pela alienação que a classe
trabalhadora vive, no qual este sistema capitalista impõe que as pessoas sejam
egoístas e individualistas. Bruno se desespera ao passar meses fora do mercado
de trabalho e decide pesquisar os currículos dos seus concorrentes no mesmo
ramo produtivo no qual trabalhava outrora. Movido pela ânsia de inserir-se
neste sistema, que por natureza e dinâmica é excludente e predatório, decide
insanamente executar os cinco principais e fortes concorrentes seus. Os peritos
criminais não conseguem desvelar qual o verdadeiro criminoso mesmo o interrogando
várias vezes. Sofrendo com a crise econômica toda a família é abalada,
principalmente no que se refere as relações e vínculos afetivos entre o casal.
O filho é preso por cometer furtos de softwares, mas logo é solto com a ajuda
do pai que encoberta o delito e dificulta as investigações.
O filme "O Corte" nos
faz refletir essa triste realidade que infelizmente faz parte do nosso
cotidiano, pessoas que perdem seus empregos e se submetem a situações desumanas
para poder sobreviver, e que não recebem a mínima assistência do Estado e que
muitas vezes nos tornamos cegos por não querer enxergar essa dura realidade,
que a cada vez mais se agrava, sendo pela falta de emprego que estas pessoas
passam fome e são tratadas como bicho sem nenhum respeito por elas. Nossa
sociedade que visa apenas o lucro, o poder e o status, não se preocupa com a
dignidade humana. O problema dessas pessoas não está marcada pela falta de
competência e qualificação como quer propagar a mídia, mas por um sistema
burguês corrupto que usa como estratégia a falta de políticas públicas efetivas
que possa assegurar ao cidadão uma vida digna. Por fim, após conseguir o tão
almejado emprego na empresa Arcadia, Bruno passa a ser alvo de mais um ser em
busca de emprego que é capaz de fazer de tudo para consegui-lo assim como ele o
fez, o que mostra que esta situação é intrínseca do capitalismo.
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