domingo, 22 de maio de 2016

Filme: O Corte



Resenha
Ficha Técnica:
Nome do Filme: O Corte
Direção: Costa-Gravas
Atores: José Garcia, Karin Viard, Ulrich Tukur
Duração: 2h02
Gênero: Suspense, Comédia, Drama
Ano de Lançamento: 2005

Sinopse:
O filme mostra a vida de um engenheiro chamado Bruno Darvert uma pessoa bem sucedida que vive muito bem com sua família e tem um ótimo emprego numa fábrica de papel, até que essa instabilidade é comprometida quando ele é surpreendido com sua demissão após 15 anos de... Assim Bruno, um executivo francês (José Garcia), depois de dois desempregado, chega ao desespero. Decidido a recuperar o antigo cargo, ele decide matar seu atual ocupante e todos os candidatos da empresa em que trabalhava com potencial para ocupá-lo. A “lei da selva” retratada na obra, nada mais é do que a realidade brutal e aprisionante das grandes corporações. Bruno, o protagonista do filme, transborda sentimentos de ódio e frustração pela sua demissão que representa mais do que uma simples “dispensa” de um cargo, é por si só a perda do seu status em contexto social onde isso é tão valorizado.

Análise:
As mudanças sofridas por ele e milhões de tantos outros trabalhadores em todo o mundo são fruto de um contínuo processo de reestruturação produtiva adotado pelo modo capitalista de produção, aproximadamente no início da década de 70, para conter a crise econômica estrutural em nível global a partir da derrocada do Welfare State. Tal conjunto de mudanças e ajustes estruturais ficou conhecido como políticas neoliberais exatamente por reiterar e/ou reatualizar alguns princípios e pressupostos do liberalismo clássico em uma nova conjuntura sociopolítica e socioeconômica do capitalismo. O filme retrata sempre que possível o símbolos do bem-estar expostos na publicidade, que nos fazem refletir sobre que modelo de vida. Nesse modelo de produção capitalista o desemprego é algo de aplicação indispensável nas relações sociais, sendo isso uma estratégia do capital para manter a ordem social vigente, quanto maior é o desenvolvimento das forças produtivas mais miséria se reproduz. Fica perceptível nesse filme que por mais que as pessoas sejam qualificadas, cultas e competentes não há mercado de trabalho para todos e é isso que explica a competição atual, o sistema capitalista é tão contraditório que quanto mais ele se desenvolve pior se torna a vida da classe trabalhadora, ou seja, aumenta a intensificação do trabalho. O que aconteceu com o Bruno Darvert nada mais é que uma estratégia do capital, no qual o exército industrial de reserva, que significa uma enorme fila de desempregados esperando por uma oportunidade de trabalho, faça com que o trabalho seja cada vez mais árduo e intensificado, precarizando as condições de trabalho, ressaltando que isso só se faz possível pela alienação que a classe trabalhadora vive, no qual este sistema capitalista impõe que as pessoas sejam egoístas e individualistas. Bruno se desespera ao passar meses fora do mercado de trabalho e decide pesquisar os currículos dos seus concorrentes no mesmo ramo produtivo no qual trabalhava outrora. Movido pela ânsia de inserir-se neste sistema, que por natureza e dinâmica é excludente e predatório, decide insanamente executar os cinco principais e fortes concorrentes seus. Os peritos criminais não conseguem desvelar qual o verdadeiro criminoso mesmo o interrogando várias vezes. Sofrendo com a crise econômica toda a família é abalada, principalmente no que se refere as relações e vínculos afetivos entre o casal. O filho é preso por cometer furtos de softwares, mas logo é solto com a ajuda do pai que encoberta o delito e dificulta as investigações.
O filme "O Corte" nos faz refletir essa triste realidade que infelizmente faz parte do nosso cotidiano, pessoas que perdem seus empregos e se submetem a situações desumanas para poder sobreviver, e que não recebem a mínima assistência do Estado e que muitas vezes nos tornamos cegos por não querer enxergar essa dura realidade, que a cada vez mais se agrava, sendo pela falta de emprego que estas pessoas passam fome e são tratadas como bicho sem nenhum respeito por elas. Nossa sociedade que visa apenas o lucro, o poder e o status, não se preocupa com a dignidade humana. O problema dessas pessoas não está marcada pela falta de competência e qualificação como quer propagar a mídia, mas por um sistema burguês corrupto que usa como estratégia a falta de políticas públicas efetivas que possa assegurar ao cidadão uma vida digna. Por fim, após conseguir o tão almejado emprego na empresa Arcadia, Bruno passa a ser alvo de mais um ser em busca de emprego que é capaz de fazer de tudo para consegui-lo assim como ele o fez, o que mostra que esta situação é intrínseca do capitalismo.

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