Resenha
Ficha
Técnica:
Nome
do Filme: Pão e rosas
Direção:
Ken
Loach
Atores:
Adrien Brody, Pilar
Padilla, Elpidia Carrillo
Duração:
1h52
Gênero:
Drama
Ano
de Lançamento: 2000
Sinopse:
As irmãs Maya (Pilar Padilla) e
Rosa (Elpidia Carrillo), mexicanas de sangue quente, trabalham no serviço de
limpeza de um prédio comercial no centro da cidade. O filme “Pão e Rosas” foi
gravado em Los Angeles e retrata a história de imigrantes que entraram
ilegalmente nos Estados Unidos em busca de emprego e melhores condições de
vida. As duas mexicanas, Maya e Rosa são o destaque do filme, o roteiro explora
as dificuldades dos faxineiros terceirizados da Companhia de Limpeza Angel na
obtenção de um acordo coletivo que lhes garantam melhores salários,
seguro-saúde para família e férias remuneradas. Isso porque sua empregadora -
uma das maiores fornecedoras de serviços de limpeza do País – conseguiu vencer
a concorrência ao longo dos anos utilizando-se de redução salarial e corte de
benefícios. O filme “Pão e Rosas”, de
Ken Loach (2000), apresenta importantes elementos temáticos que tratam da
situação do trabalho sob o capitalismo global. Primeiro, ele aborda a questão
das migrações laborais – no caso, a migração ilegal de proletários
desempregados do México (e da América Central) para os EUA; depois, trata da
precariedade salarial extrema no setor de serviços de baixa qualificação (no
caso, empregados faxineiros de prédios de escritórios em Los Angeles); e
finalmente, o filme expõe a luta pelo reconhecimento da organização sindical
dos setores pobres do mundo do trabalho. O filme baseia-se em fato verídico
ocorrido no importante centro comercial de Los Angeles (Century City’s Office)
em maio de 1990, quando cerca de 500 a 700 trabalhadores faxineiros dos prédios
comerciais da região, parte deles de imigrantes ilegais, decidiram entrar em
greve reivindicando melhores salários. A paralisação dos zeladores que durou de
29 de maio a 26 de junho de 1990, atingiu prédios de escritórios de importantes
corporações internacionais no centro de Los Angeles. A paralisação atingiu os
trabalhadores faxineiros da ISS (International Service System Inc), uma das
maiores empresas de subcontratação de zeladores para serviços em prédios
comerciais nos EUA (a ISS possui capital dinamarquês).
Análise:
O título do filme se chama “Pão e
Rosas”, em clara alusão ao grande protesto ocorrido em Lawrence, Massachusetts
(EUA), onde 10 mil trabalhadores se revoltaram por aumento salarial e melhores
condições de trabalho no ano de 1912. Nessa longa e violenta disputa, a maior
parte dos manifestantes eram mulheres e elas impunham cartazes com a mesma
frase utilizada pelos faxineiros: “Nós queremos pão, mas Rosas também”, ou
seja, os trabalhadores querem ter do que se alimentar, mas querem ter poder de
consumo também.
O filme nos mostra a realidade da
classe proletária: desprovida dos meios de sua produção e reprodução vê-se
obrigada a vendê-la, a quem quer que seja e aonde quer que seja; mesmo que para
isso corra riscos da maior intensidade, como atravessar desertos, negociar com
os terríveis coiotes mexicanos, fugir de policiais de embaixada etc. Maya, a
personagem central, nascida em Tijuana, México, dá-nos uma ideia precisa desta
aventura. Além de um futuro incerto em terras distantes, a apreensão da família
é outro efeito triste da dinâmica do capital. Além de Maya, o filme conta ainda
com outro personagem principal, Sam Shapiro, membro do Sindicato dos faxineiros
e militante da campanha “Justiça para os Faxineiros”. Ele inicia sua
aproximação dos terceirizados através de Maya e aos poucos vai conseguindo
aderentes para sua luta pela Sindicalização dos funcionários “invisíveis”. Sam
argumenta com os imigrantes que há 17 anos atrás, os faxineiros ganhavam 8,5
dólares por hora, seguro saúde, ajuda doença e férias pagas, enquanto naquele
momento, sem um acordo sindical, eles ganhavam apenas 5,75 por hora e nada
mais. A ideia, então, era pressionar os donos do prédio a contratarem
Companhias Sindicalizadas e para tanto os ativistas deveriam chamar a atenção
da mídia para as precárias condições de trabalho que lhes eram impostas. Umas das primeiras abordagens do filme é
desterritorialização da mão-de-obra, ocasionada pela busca por melhores
condições de vida. As personagens principais saem de seu País de origem, o
México, para residirem ilegais nos EUA, atraídas pelo “sonho americano” de
melhores oportunidades de trabalho.
A atuação das Grandes empresas é
a de sempre fugir de qualquer forma e a qualquer momento dos seus principais
obstáculos, sobretudo legislações trabalhistas, direitos sociais e
encarecimento da força de trabalho. Instalam-se simultaneamente em vários
países, impõem uma divisão internacional do trabalho e determinam o que cada
país deve produzir, pagando irrisórios salários e explorando os trabalhadores
de diversas nações de forma assombrosa. Assim, com o retrocesso do poder
sindical, o filme mostra como os terceirizados sofreram perdas salariais e
direitos sociais e trabalhistas, tais como seguro saúde, auxílio-doença e
férias remuneradas. Sem benefícios tais como o seguro saúde, o roteiro mostra a
personagem Rosa se prostituindo e se submetendo a jornadas de trabalho de 16
horas para garantir o mínimo de atendimento médico ao seu marido. Além disso,
mostra a intensificação do ritmo de trabalho e a exclusão dos idosos do mercado
de trabalho. O grande exército de reserva de mão-de-obra pouca qualificada e o
medo do desemprego, finalizam o enredo com a discussão a respeito do poder
atual dos Sindicatos de mobilizar as massas e lutar por acordos coletivos.
Através do filme observa claramente a realidade dos trabalhadores modernos
pós-reestruturação produtiva, a mudança de postura política do Estado ao
diminuir direitos sociais; a redução do salário real dos trabalhadores; o
inchaço do setor de serviços; o aumento do desemprego estrutural; a
transferência das atividades intermediárias para subcontratadas; o crescimento
de subempregos e trabalhos precários em detrimento dos trabalhos formais; assim
como as observações referentes à repressão ao poder sindical e aos movimentos
sociais.
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