domingo, 22 de maio de 2016

Imagem e análise Temática Trabalho

  Desenho de Jacques Etienne Arago (1790-1854) retratando uma punição a um escravo.

A existência e a exploração do trabalho escravo foram o que garantiu a estruturação da colônia e depois da independência, do Estado e da sociedade brasileira por quase quatrocentos anos. Milhões de africanos escravizados entraram no território brasileiro para trabalhar compulsoriamente nas mais diversas atividades econômicas. Entretanto, os africanos escravizados não aceitaram pacificamente a escravidão, as fugas de escravos, os quilombos e a resistência cotidiana foram uma das principais características da resistência escrava no Brasil. As fugas foram uma das formas encontradas para se resistir e opor-se aos castigos físicos, às longas jornadas de trabalho e a toda sorte de arbitrariedades a que eram submetidos os negros escravizados. As fugas de rompimento eram as que questionavam na prática a escravidão, pois o escravo lutava para alcançar sua liberdade do jugo de seu senhor. A formação de quilombos foi a principal característica da fuga de rompimento. O mais famoso desses quilombos foi o Quilombo dos Palmares, localizado onde hoje é o estado do Alagoas. Liderado durante um período por Zumbi, Palmares foi liquidado pelos bandeirantes paulistas. Entretanto, Palmares teve importantes consequências posteriores, já que o seu fim levou a coroa portuguesa a definir o que era quilombo: toda habitação de negros fugidos que passem de cinco, em parte desprovida, ainda que não tenham ranchos levantados nem se achem pilões neles. Foi após Palmares também que surgiu uma figura comum na escravatura brasileira: o capitão do mato, responsável por perseguições aos escravos fugidos. O outro tipo de fuga, as fugas reivindicatórias, era a mais comum. Elas caracterizavam-se principalmente pela busca de melhorias nas condições do trabalho escravo nas fazendas. Um caso que pode ser utilizado para exemplificar esse tipo de fuga foi o que ocorreu no Engenho Santana de Ilhéus. Após a fuga para as redondezas do Engenho, os fugidos apresentaram uma série de reivindicações para voltarem, como folgas nos finais de semana, melhores condições de trabalho, escolha de novos feitores com aceitação dos escravos e ainda a possibilidade de poderem “brincar, folgar e cantar em todos os tempos que quisermos sem que nos empeça e nem seja preciso licença”.[1]


[1] AMARAL, Sharyse Piroupo do. História do negro no Brasil. Brasília: MEC; Salvador: CEAO, 2011. p. 16



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